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tutorial Multímetro ENGRO 584 - Diagrama completo esquema do manual e curiosidades

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barijan

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Olá amigos!

Decidi redesenhar e publicar o diagrama completo do Engro 584 por estar farto de ver gente VENDENDO esse esquema. Se ainda fosse impresso e de boa qualidade, dá até para entender. Mas são arquivos escaneados, com péssima qualidade e praticamente ilegíveis. Mesmo assim cobram preços absurdos.
Mesmo o esquema original, que vem no manual, é horrível. Então resolvi acabar com o problema de uma vez por todas.
Redesenhei o esquema seguindo praticamente o mesmo layout do original, que na minha opinião não é dos melhores, apenas aceitável. Apenas desloquei uma ou outra conexão para maior clareza.
Segue em anexo as versões JPG e PNG. 

 

O Engro 584 é um multímetro eletrônico que era fabricado no Brasil nos anos 80, com altíssima impedância de entrada, enorme sensibilidade e faixas amplas. Para se ter uma ideia, a escala de ohms permite medir resistências de até 1 gigaohm.

 

Apesar de excelente para os padrões da época, possui algumas soluções técnicas que seriam inaceitáveis nos dias de hoje.
Por exemplo, a escala de Ohms x1 não é protegida pelo fusível (literalmente o contorna). Certamente fizeram isso porque o fusível afetava a sensível escala x1 que mede a partir de 200 miliohms e os péssimos fusíveis de vidro usados no aparelho, somados ao tipo de suporte, passavam fácil dos 500 miliohms, o que obrigaria a constantes reajustes do ponto zero do aparelho.

 

Outro ponto negativo é que as medidas de volts em AC possuem uma entrada separada, obrigando a ficar mudando a ponta de prova de conector. Além disso as escalas AC possuem uma enorme capacitância em seu filtro. Isso até garantia maior precisão mas, como efeito colateral, após a medição a agulha voltava muito lentamente, demorando vários segundos para voltar ao zero. Um incômodo quando você tem que medir rapidamente vários pontos, ou deseja visualizar a variação de tensão em tempo real. Felizmente nas escalas DC não havia esse problema.

 

O aparelho possui duas placas de circuito impresso e os conectores entre elas costumam apresentar mau contato com o tempo, exigindo recuperação ou substituição. Os contatos dos seletores também costumam se desgastar ou oxidar, além de acumular detritos.

 

Para concluir a lista de "problemas", em muitos modelos os mancais do galvanômetro eram fixados em um chassi de plástico que pode se deformar com o tempo, prejudicando o livre movimento da agulha por toda escala. O mais afetado era o mancal traseiro, pois era fixado através de um único "braço" de plástico, absurdo. Se fossem dois, como no mancal frontal, seria muito mais estável.

 

Fora esses detalhes é um ótimo aparelho, um marco da indústria nacional da época e obrigatório para qualquer colecionador se conseguir colocar as mãos em um que esteja em boas condições.


O Engro 584 possuia um irmão menor e mais barato, o Engro 484, que não era eletrônico e possuía alguns diferentes recursos.

 

Curiosamente a Engro produziu mais dois excelentes modelos nessa linha, mas que praticamente não foram disponibilizados ao público, por isso pouco conhecidos. Era o Engro 486 que existia na versão passiva (não eletrônica) e ativa (com o mesmo circuito amplificador do 584).

Eu mesmo possuo um raríssimo exemplar desse último, muito bem conservado.

Esses aparelhos foram feitos sob medida para a Xerox do Brasil, tinham um visual mais sóbrio e possuíam um padrão de qualidade muito acima do que os 484 e 584. Por exemplo, o galvanômetro tinha chassi de metal e era bem melhor construído, portanto mais preciso.

Para tal eles foram rebatizados como XEROX 600T-70425 mas mantendo a indicação ENGRO MOD 486 no mostrador. Segue nos anexos uma foto do 584 ao lado de seu primo 486.

 

A versão eletrônica do Engro 486 possuía vários recusos exclusivos, com por exemplo, diversas escalas de microamperes em CC e CA, e no outro extremo podia medir até 3kV também em CC e CA. Em contrapartida as escalas de Ohms eram mais limitadas, indo até x1k apenas, medindo no máximo até 1 megaohm.
Além disso o circuito possuía muito mais dispositivos de proteção, que incluíam spark-gaps e vários diodos zener estrategicamente colocados ao longo de seus circuitos.
Ele até possuía, sob os knobs dos potenciômetros, mancais duplos de latão para torná-los muito mais manuseáveis. Não enroscavam como nos outros modelos da Engro.
Mas o melhor de tudo é que não era necessário mudar de conector para alternar entre CC e CA, bastava selecionar a função desejada nos seletores, acabando com o maior incômodo do 584.

 

Possuia também um curioso conector de "TESTE" que, dependendo da medição apresentada, permitia diagnosticar se algum dos diodos internos de proteção havia sido danificado por uma eventual sobrecarga e que portanto teria que ser substituído.

 

Apesar de ser eletrônico ele possuía uma impedância de entrada de "apenas" 40kohm/V para DC e 5kohm/V para AC, bem abaixo do 584, mas mesmo assim muito melhor do que muitos aparelhos da época. Mas isso não afetava muito a sensibilidade do aparelho, principalmente nas escalas de microamperes, pois o galvanômetro não era acionado diretamente pelas correntes de entrada, mas sim pelo amplificador operacional do circuito amplificador.
Certamente o 486 foi feito sob medida para os técnicos de campo que faziam a manutenção de máquinas copiadoras da Xerox, possuindo assim todas as faixas necessárias para efetuar todos os trouble-shootings desses equipamentos.

 

engro-584-circuit-diagram.jpg

engro-584-circuit-diagram.png

engro-584-e-engro-486.jpg

Editado: por barijan
Correções ortográficas.
  • Joinha 4
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  • 1 ano depois...
  • 5 meses depois...

Olá a todos, esta é a minha primeira postagem no fórum.

 

Muito legal ver que alguém aqui conhece o 584 !!! Tenho um impecável, e fora as idiossincrasias acima citadas, como os bornes específicos para CA/CC e escalas, é um aparelho absurdamente bom e usa um simples TL081 que pode ser substituído por um LF356 ou mesmo um CA3140, ou seja, seu componente mais crítico é de fácil substituição ! Esse instrumento foi particularmente muito, muito, muito usado em laboratório, mas continua perfeito. Duvido que um Minipa digital que me custou uma grana dure 1/4 do que esse.

 

Usei muito um Kyoritsu a FET (não lembro o modelo) que era meu queridinho mas esse faleceu... Sofreu uma queda da bancada...

 

O maior problema dos Engros era o preço. Caramba eram mais caros que os Sanwa, coisas de Brasil.

 

 

  • Joinha 2
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