Em 1954, Reynold Johnson reuniu uma equipe no Laboratório de P&D da IBM, localizado na Avenida Notre Dame, 99, em San Jose, Califórnia, encarregada de desenvolver sistemas rápidos de armazenamento em massa para substituir cartões perfurados e fitas magnéticas em aplicações de contabilidade e controle de estoque. Inspirada pelas ideias de Jacob Rabinow na NBS, a IBM desenvolveu e enviou o primeiro Disco Rígido (HDD) comercial, a unidade de armazenamento em disco Modelo 350, para a Zellerbach Paper, em São Francisco, em junho de 1956, como parte do sistema IBM 305 RAMAC (Método de Acesso Aleatório para Contabilidade e Controle).
Um HDD armazena dados digitais em material magnético em discos rígidos rotativos. As informações são gravadas e recuperadas do disco por unidades móveis de leitura e gravação, chamadas cabeças. Circuitos eletrônicos e software controlam o movimento das cabeças, processam formas de onda de sinal e gerenciam a operação geral do sistema.
No Modelo 350, cinquenta discos de 24 polegadas de diâmetro empilhados em um eixo que girava a 1200 rpm armazenavam 5 milhões de caracteres de 6 bits a uma densidade de área de 2.000 bits/pol², o que equivale a 3,75 megabytes de capacidade de armazenamento de dados. Cabeças de leitura/gravação magnéticas indutivas com amortecimento de ar forçado em um braço de 800 micropolegadas acima da superfície para criar um rolamento hidrostático. Um atuador movia o braço de disco para disco com um tempo médio de acesso de menos de 1 segundo. A unidade de 5 pés de altura por 6 pés de largura pesava mais de uma tonelada (incluindo um compressor de ar separado necessário para operação), ocupava espaço de duas geladeiras domésticas e era alugada por US$ 750 por mês.
Três gerações de drives RAMAC foram desenvolvidas para os computadores 305, 650, 1401, 1410 e 7070 antes da IBM anunciar o Modelo 1301 em 1961. A capacidade dobrou a cada geração. Um atuador e uma pilha de discos restaurados e em funcionamento estão em exposição na Galeria de Memória e Armazenamento do Museu de História da Computação.
Projetado para operar junto ao computador IBM RAMAC 305, baseado em válvulas, segundo a IBM o 350 permitia acesso a informações com velocidade “exponencialmente superior” às tecnologias anteriores, como fitas magnéticas e cartões perfurados.
A inovação transformou o mundo corporativo: empresas puderam substituir volumosos arquivos físicos e reduzir a dependência de operadores humanos. O RAMAC 350 abriu caminho para o uso dos bancos de dados relacionais e serviu de base para avanços que vão desde a exploração espacial até caixas eletrônicos, mecanismos de busca, comércio eletrônico e inteligência artificial.
Na prática, os 3,75 MB oferecidos equivaliam a cerca de 62.500 cartões perfurados, ou aproximadamente cinco milhões de caracteres de texto – hoje, smartphones baratos tem capacidade para armazenar 256GB, algo impensável em 1956; 256GB são cerca de oitenta mil vezes mais que 3,75MB.
Em 1956 a novidade representava um gigantesco salto tecnológico, cujo uso custava caro; se hoje um HD de 26 TB pode ser comprado no Brasil por cerca de R$ 5 mil, naquela época, quando a IBM não vendia os seus produtos, apenas alugava-os, o aluguel mensal de um computador RAMAC 305 com o novo disco rígido RAMAC 350, custava cerca de US$ 38 mil atuais.
E embora haja quem veja o HDD como tecnologia em declínio diante dos SSDs, eles permanecem importantes no mundo da tecnologia da informação: estima-se que em 2028 existirão discos rígidos de 60TB e até 2037, estarão no mercado discos de 100TB.
Especialistas acreditam também que as vendas desses dispositivos chegarão a 208 milhões de unidades em 2028 e 359 milhões em 2037, pois, principalmente em função da inteligência artificial, aumentará a necessidade de armazenamento massivo barato e com desempenho razoável, sendo os discos rígidos os candidatos naturais a atender a essa necessidade.
Fonte: computerhistory.org; educawebradio.com.br