"Este relato descreve minha experiência pessoal com sucata de notebooks e TVs antigas. Não se trata de um tutorial ou recomendação técnica".
Ao longo de vários anos, acumulei sucatas de notebooks e outros eletrônicos, na esperança de que pudessem ser úteis no futuro. Sempre que surgia a necessidade de consertar algo e recorrer a esses materiais, a peça necessária nunca estava disponível. Acabava gastando e comprando o componente novo.
Durante esse tempo, considerei diversas vezes realizar uma limpeza no estoque acumulado, mas a força do apego era maior. Imaginava que, se me desfizesse desses materiais, poderia sentir falta deles em algum momento. E assim, permaneci apegado, acumulando peças que ocupavam espaço físico e mental sem oferecer retorno real.
Entre os itens acumulados, encontrei notebooks com discos rígidos de apenas 60 GB, 120 GB e, no máximo, 250 GB — capacidades hoje insuficientes para aplicações modernas. Muitos utilizavam interfaces IDE antigas, memórias DDR2 SO-DIMM e telas LCD com matriz TN e proporção quase quadrada, obsoletas para padrões atuais.
Durante a triagem, retirei processadores, memórias, dissipadores e outros componentes passíveis de reaproveitamento. Nos notebooks com telas em bom estado, procedi à desmontagem das unidades de LCD, armazenando-as separadamente para possíveis usos futuros. Esse processo permitiu preservar partes ainda funcionais, eliminando carcaças e peças irrecuperáveis que ocupavam espaço sem gerar valor.
Essa experiência mostrou que manter todo esse acervo fornecia apenas uma falsa sensação de estabilidade. A sucata inflava minha confiança e criava a ilusão de um estoque valioso, quando, na prática, se tratava de acúmulo de material obsoleto.
Desfiz-me dos notebooks que não ligavam ou apresentavam falhas críticas sem possibilidade de recuperação, mantendo apenas unidades funcionais, embora limitadas. Estas continuam a ser usadas para testes ou atividades que não exigem desempenho elevado.
Não é a primeira vez que adoto esse procedimento. Já havia realizado algo semelhante com televisores antigos, removendo LEDs e placas, descartando carcaças danificadas e preservando apenas componentes reutilizáveis.
Observar essa dinâmica também trouxe reflexão sobre a realidade de outros técnicos que conheço. Por exemplo, um senhor próximo à minha residência mantém sua assistência técnica cheia de sucata acumulada ao longo dos anos. Ele acredita que tudo poderá gerar algum retorno, mas, para quem observa de fora, trata-se de material obsoleto que consome espaço e tempo sem benefício direto. Ao refletir sobre minha própria experiência, percebi que também estava preso a essa mesma crença, embora tenha conseguido abordá-la de forma diferente.
A diferença está na análise crítica e na priorização do que realmente tem valor técnico. Organizar e direcionar os componentes que ainda podem ser aproveitados, descartando ou doando o que não possui mais funcionalidade, liberou espaço físico e mental.
Em resumo, essa experiência reforçou que, mesmo para profissionais técnicos, a percepção de valor nem sempre corresponde à utilidade real dos componentes. Manter um acervo sem critério pode inflar a confiança e ocupar recursos desnecessários, enquanto uma triagem criteriosa preserva o que é funcional, otimiza espaço e tempo e permite focar no que realmente gera resultado técnico.