tutorial Desmistificando o uso da Lâmpada em Série

[Alberto Rosa]

Preparei um material após um longo estudo, ainda não acabou, sobre as fontes chaveadas. 

Espero que ajude a todos.

 

Aponte o dedo quem aqui que repara fontes e que nunca utilizou uma lâmpada em série ?

 

Eu mesmo até pouco tempo utilizava. Não entendia muito o seu uso, só sabia que indicava curto quando ligava a fonte e ela ficava acesa.

 

Pois bem, ela é útil em 2 únicas situações:

 

Pra quem não tem fonte de bancada (assimétrica)

Apenas pra saber se o primário está em curto e ainda assim vc fica com uma pulga atrás da orelha, rsrs.

 

Somente nessas 2 condições.

 

É comum pegar fontes de impressoras que foram ligadas em 220V.

O circuito de proteção (fusível, varistor, capacitor, mosfet) são os mais afetados devido a alta corrente que circula no barramento.

 

Sei que também que muitos aqui, assim como eu, só fazia reparo no primário, trocava o capacitor, fusível, mosfet e sacava o varistor. Não resolvendo, encostava a placa e não ia mais pra frente.

 

O reparo de fonte chaveada é muito mais que isso, vai além desses 4 componentes do primário.

 

Saber o funcionamento, as topologias e cada circuito que compõe a fonte chaveada, é fundamental para o êxito no reparo delas.

 

Essas fontes são projetadas pra "segurar o tranco" existem muitas proteções: OCP, OVP, OSP, VLO, OLP, .......

 

Usar uma lâmpada em série sem saber a corrente que circula no barramento e a potência da lâmpada, pode te induzir a erros de interpretação.

 

Ex: A tua fonte está projetada para uma carga de 100W e você está usando uma lâmpada de 60W. Sabe o que vai acontecer ?

Quando você ligar a fonte na energia, a lâmpada vai ascender e apagar.

 

Isso é curto ?

 

A resposta é não !

 

É proteção UVP (under voltage protect).

 

O CI através do seu pino de line sense que é ligado ao barramento detecta baixa tensão no ponto após a lâmpada e faz com que a fonte fique em modo restart.

 

Isso porque a lâmpada tem uma queda de tensão muito maior em cima dela. O CI interpreta que a tensão da rede é baixa e faz com que a fonte não ligue.

 

Ai eu te pergunto:

 

Você vai ficar calculando carga, corrente, lâmpada .... pra fazer um reparo numa fonte ?

Não né ?

 

Isso tudo por medo de ligar a fonte e ainda achar que possa estar em curto.

 

Com base nisso, vai uma dica aqui que é valiosíssima nos reparos de fontes chaveadas de impressoras.

O que você vai precisar?

 

Uma fonte de bancada (assimétrica)

E ajustar a corrente pra 300mA e tensão 12V

 

Procedimento para testar o primário:

Injetar tensão na entrada da fonte (onde conecta o cabo de força)

 

Caso apresente algum consumo de corrente e queda de tensão, é certo que algum componente ligado ao barramento está com problema, em curto ou em fuga.

Caso não apresente nenhum consumo, o primário da fonte está ok ! Nessa condição, pode alimentar a fonte com a tensão nominal que não terá problema algum. Caso tenha problema no secundário, as proteções serão armadas e não terá nenhum problema de "explodir" nada. Se tem uma coisa que as fontes chaveadas possuem, é proteção. Pode confiar, são inúmeras proteções como já falado anteriormente.

 

O mesmo ocorre quando estiver analisando o secundário da fonte, basta injetar a tensão na saída da fonte e respeitar a tensão da linha (nunca injetar o total que a fonte entrega).

 

Alguns questionamentos:

 

1- Posso injetar qualquer tensão e qualquer corrente no primário e secundário ?

R: Não. Principalmente no secundário, comece injetando 3v e 300mA. No primário, que recebe 110V, vc pode trabalhar no limite de sua fonte mas não é necessário. Com 5 V, se tiver fuga, você já deve encontrar. Quanto a corrente, uma dica é verificar o valor do fusível. Se for um fusível de 2A (ex) vc não poderá exceder esse valor.

 

2- A minha fonte é AC, tem problema injetar DC ?

R: Não tem problema, a ideia não é fazer sua fonte funcionar e sim, diagnosticar ela. Pode injetar DC sem problema.

O transformador em DC é um curto e o capacitor uma chave aberta portanto, se algum componente falhar, vc saberá pq terá um consumo na assimétrica.

 

3- Quais os componentes que mais apresentam defeitos ?

R: Não é regra mas em geral, em primeiro lugar os mosfets, em segundo a ponte retificadora, terceiro os capacitores de filtro. Lembrando que o capacitor de filtro (maior) na grande maioria das vezes em que as fontes são ligadas em tensão errada, eles estufam.

 

4- Defeitos como tensões baixas ou altas na saída está relacionados à malha de controle. Normalmente utilizam um amplificador de erro e o mais comum usado nas fontes são os TL431 que é bem fácil de analisar.

 

Espero que tenham gostado. Isto não é tudo. Podemos ir alimentando este tópico com maiores informações e dicas dos colegas experientes.

 

Abaixo vou postar uma imagem de um exemplo de uma fonte e seus principais componentes.

 

Retificador de entrada:

 

Retificador secundário e malha de controle:

 

Uma outra informação útil.

 

As fontes de impressoras, pelo menos até o momento em que peguei e reparei, NÂO possuem PFC. Geralmente um conversor principal e uma fonte secundária. Algumas situações, a fonte secundária é junto com o conversor principal.

 

Espero ter ajudado de alguma forma e pra aqueles que são amantes da eletrônica, indico um estudo mais aprofundado das fontes chaveadas,

 

Forte abraço.

 

[elias.girardi]

@Alberto Rosa Muito bom este conteúdo. 

Me considero pouco experiente na área da eletrônica, estou sempre procurando aprender e estudar, mas o tempo nem sempre está ao nosso favor. Na empresa onde trabalho a gente faz de tudo um pouco, a cidade é pequena, então não aparecem muitos problemas relacionados diretamente à parte da eletrônica, onde temos que meter a cara na placa e procurar componentes em curto, etc... 

Por isso os meus chefes não aceitam comprar equipamentos caros para fazer consertos e identificar problemas como osciloscópio, gravador de I/O, estação de infravermelho, etc, pois aqui um equipamento assim não se pagaria. Então temos que por inúmeras vezes, improvisar.

A fonte assimétrica e a lâmpada em série já salvaram a minha pele muitas vezes. Aprendi a usar estas ferramentas aqui no fórum e recomendo a quem não tem, usar no dia-a-dia, pois não é tão caro adquirir.

 

[xandy_73]

Excelente conteúdo @Alberto Rosa

[Alberto Rosa]

18 minutos atrás, elias.girardi disse:

@Alberto Rosa Muito bom este conteúdo. 

Me considero pouco experiente na área da eletrônica, estou sempre procurando aprender e estudar, mas o tempo nem sempre está ao nosso favor. Na empresa onde trabalho a gente faz de tudo um pouco, a cidade é pequena, então não aparecem muitos problemas relacionados diretamente à parte da eletrônica, onde temos que meter a cara na placa e procurar componentes em curto, etc... 

Por isso os meus chefes não aceitam comprar equipamentos caros para fazer consertos e identificar problemas como osciloscópio, gravador de I/O, estação de infravermelho, etc, pois aqui um equipamento assim não se pagaria. Então temos que por inúmeras vezes, improvisar.

A fonte assimétrica e a lâmpada em série já salvaram a minha pele muitas vezes. Aprendi a usar estas ferramentas aqui no fórum e recomendo a quem não tem, usar no dia-a-dia, pois não é tão caro adquirir.

 

@elias.girardi tem uma frase que aprendi onde fala que ferramenta (boa) é um funcionário paga uma única vez.

Sobre não investir em material humano, equipamentos .... é um pensamento arriscado. Pense que um dia podes ter um concorrente e vc fica pra trás. De qualquer forma, entendo sobre os custos, nem sempre os equipamentos são baratos. 

 

@xandy_73 obrigado, vem mais coisa boa por ai. 

[Hevandyr]

As proteções que existem nas fontes são:

SCP - Short-Circuit Protection (Proteção contra Curto-circuito)

UVP - Under Voltage Protection (Proteção Contra Subtensão)

OVP - Over Voltage Protection (Proteção Contra Sobretensão)

OCP - Over Current Protection (Proteção Contra Sobrecorrente)

OLP - Over Load Protection (Proteção Contra Sobrecarga)

[Alberto Rosa]

@Hevandyr complementando sua informacao, tmb tem a TSD ( thermal shutdown ) 

[Lord_Iacobus]

Talvez fuja um pouco do escopo deste tópico, mas tô coçando a cabeça pra entender uma coisa aqui. Em estabilizadores de potência elevada, percebo que a lâmpada série geralmente acende forte, como se houvesse um curto, mesmo com o equipamento sem defeito. Já ouvi falar em uma "regra" de potência a ser seguida no caso das lâmpadas série (2 a 3 vezes a potência do equipamento), mas estamos falando de um estabilizador de potência elevada, porém sem nenhuma carga conectada. Creio que uma lâmpada de 40W serviria para um teste assim, ou estou equivocado? Qual seria o valor mais acertado?

[JAROD]

@Thiago Lemos

 

 

Em 03/05/2022 às 23:02, Thiago Lemos disse:

Em estabilizadores de potência elevada, percebo que a lâmpada série geralmente acende forte, como se houvesse um curto, mesmo com o equipamento sem defeito.

 

Se o estabilizador for de 500 watts, por exemplo, a lâmpada utilizada seria de 500 watts X 3 = 1500....  a lâmpada seria de 1500 watts.

 

Na prática, no meu caso, a lâmpada não seria muito interessante. Normalmente eu utilizo um disjuntor na bacada e começo o reparo analizando o circuito de chaveamento.  Se algum dos relés estiver colado, provavelmente haverá problemas ao ligar o estabilizador na tomada. Uma boa análise visual do transformador é fundamental para evitar surpresas desagradáveis.

[Marcelo Leal Lemos]

eu uso serie pra tudo na bancada, nao tem nada que chegue na bancada e nao seja ligado na serie da primeira vez, quase que so ligo na tomada diretamente depois de acabado o serviço pronto pra ser entregue para o cliente, ja vi colegas de bancada fazer me**##da sem antes ligar na serie, logo uso serie direto.